I gave that bitch love... Bitches don't care about love. |
Mesma coisa de sempre, ele voltara pra sua casa, para seu quarto... O
quarto não estava frio como costumava ficar naqueles dias de inverno. O
amor dela havia deixado seu calor marcado na pele dele... O calor
daquelas mãos frias havia ficado em seu coração... Ele estava
apaixonado, apenas isso.
Se
vale um depoimento do autor nesse momento... A minha vida finalmente
ficara simplória, amigos, namorada, faculdade, boêmia semanal e afins...
Os planos para o futuro davam certo, mesmo sem praticá-los. Eu tinha
sonhos e era capaz de realizá-los, eu tinha alma e confiava nela.
- Um dia eu vou vir pra São João, pra poder passar uma noite só com você! Vai ser muito bom né Jão?
Planos e mais planos pro futuro... Não sei se sou o único mas eu
cometia o crime de não dizer para aquela mulher que eu a amava...
Compensava a falta de palavras com atitudes, pensamentos e afins...
Minha inocência era tamanha que até o dia que eu me casaria com ela eu
já tinha nos planos, já tinha o script escrito e fiz questão de separar
as palavras mais belas pra ela...
Se lhe faltava o "amo-te", não faltava o carinho... E se me permite
dizer, as vezes isso pode enganar... As vezes isso pode ser capaz de
curar mais rápido as feridas que o amor deixa na tua alma, antes de
matá-la... Essa foi a primeira vez, a segunda é por agora...
- Você foi o homem que eu mais gostei em toda minha vida Jão! Não quero que você vá embora não!
Ele era homem, tinha confiança... Andava na rua como se fosse seu pai, porém faltava-lhe muita vida ainda...
- Você sabe que só tem a ela não é?
- Sim! - Respondia ele em pensamento, depois de mais um sonho com a menina dos olhos perfeitos...
Quando o anel de compromisso de uma promessa cai ao chão e leva consigo
as lágrimas daquele que sabia a quem pertencia a promessa... É como se
nada mais importasse, morrer é uma saída... Porém é covardia demais você
apagar sua importância física no mundo, já que assim as pessoas
sentirão sua falta... O que você faz? Você mata sua alma... Nela está
tudo o que você é... As pessoas não ligam pra isso, então pode-se
matá-la sem remorso algum, talvez um dia algum samaritano faça ela
sorrir e quem sabe renascer... Pra depois matá-la de novo, daí inicia-se
outro ciclo...
Infâmia!
As pessoas são hipócritas! Passam a vida pedindo por alguém (a não sei
quem!) que lhes entreguem seus sentimentos, e quando encontram fazem
questão de por o remorso e a insegurança, egoísmo também, na frente do
que realmente é verdadeiro...
- Que maldita convivência, parece que hoje faço a mesma coisa! - Eu agora...
Que seja...
- Namora comigo?
- Não posso... Você estará longe ano que vem... Não sei se poderemos nos encontrar...
Aquela fora sua primeira contradição... Aqueles olhos haviam perdido o
encanto por um momento... Só por um momento, porque um tempinho depois,
acho que uma noite... Se não me engano... Foi o tempo que demorou pra eu
dormir e sonhar com ela ao meu lado... Enfim, após esse tempo o encanto
voltou...
- Essa sexta, vou dormir na casa da ... Aparece lá! Eu to esperando por isso a muito tempo!
A perfeição da menina voltou... Naquele momento o mel que escorria na
íris de seus olhos era reluzente, seu sorriso era perfeito e seu corpo
era fruto dos desejos ébrios dos olhos negros de meu personagem...
Sua voz...
- Para Jão, agora não!
Aquela mensagem suja de quem quer que você faça o contrário do que ela
diz... Da nudez explícita de alguém que se deixa levar pelos versos e
poesias... De alguém cuja boêmia noturna proveniente d'alguns copos de
whisky, vodka, mistura de ambos e amor... É capaz de se deleitar no ócio
dos sonhos pecaminosos aos olhos da religião de "D"eus... Eu estou
sonhando, tudo aquilo era um sonho...
Um sonho que havia roubado minha alma, minha confiança, minha
personalidade, meu físico, meu cabelo (puta que pariu...), uma parte da
minha vida, minha felicidade, minha tristeza... Tudo... Esse sonho
egoísta foi capaz de juntar boa parte do que eu era, tudo pra si... Pra
poder sorrir sozinho e se aproveitar dos misérrimos sorrisos que
posteriormente foram esboçados e as vezes desenhados num rosto em
branco... D'alguém que havia entregado seu amor a quem não podia...
Familiar não é?