Era uma vez um garoto que andava pelas ruas de uma cidade estranha e escura... Ele estava sozinho e sempre sorrindo. Não importa o quanto sombria fosse a noite, não importa o quão duradoura fosse a chuva e nem mesmo quando as duas se debatiam numa noite chuvosa de inverno, lá estava ele com sorriso no rosto.
Ninguém sabia onde era essa cidade, lugar... Ou seja lá o que for... Prefiro chamar isso de lugar daqui pra frente. Nesse tal "lugar" estranho era possível de se escutar algumas risadas vindas dos céus... Risadas de indiferença, risadas de uma mulher... E muitas vezes nos muros desse lugar haviam coisas escritas...
"Eu te amo". Se você ignorar a sintaxe errônea da frase, eis que está disposto nela um sentimento bem sincero. Escritas com sangue no muro que era iluminado pelo único poste da cidade... Lá lágrimas de chuva caíam toda noite... Porém o sangue com que aquelas palavras foram escritas nunca se apagava.
Do outro lado desse sonho havia uma mulher... Ela tinha os olhos vendados e vivia num lugar, assim como o garoto... Ela podia sentir a chuva que caia sobre seus ombros todas as noites e podia ouvir a voz que vez ou outra dava risadas sobre os céus...
A mulher, cega pela venda em seus olhos, não tinha a luz dos postes para iluminar as mensagens que estavam escritas nos muros... Apenas existia a voz para alegrar a solidão de vossa personagem... Só isso... Porém depois de um tempo, nem mesmo essa voz era capaz dar gargalhadas como era antes...
O silêncio havia tomado conta do lugar...
As mensagens nos muros eram as mesmas de sempre... os velhos "amo-te" deixaram de ser lidos... E tiveram suas vozes esquecidas...
